O ADESTRADOR DE JACARÉ  

          Mais uma historia da região pantaneira. O posto policial fica distante da cidade, no meio do pantanal e no fundo da base  existe uma lagoa, onde é comum principalmente no amanhecer e fim de tarde a presença de pássaros e animais como capivaras, tamanduás e jacarés, e é justamente um jacaré o personagem desta historia. Na lagoa dentre tantos animais, tinha um jacaré que era figura constante, fazendo do local sua morada. Era só ver movimentação nas margens da lagoa que ele aparecia, se mostrando na expectativa de algum alimento, fato este, que o fez conhecido entre todos os policiais, sendo apelidado carinhosamente de “Tuco”.  A polícia na região era comandada por um chefe dos mais folclóricos e toda vez que ele estava no posto bastava chegar algum figurão ou superior da capital que lá ia ele mostrar suas habilidades com os animais da região, usando para isto, a mansidão do Tuco. Levava o visitante para as margens da lagoa e chamava o Tuco, sempre dando alguma coisa pro animal, o bicho vinha todo serelepe, pegava a oferenda e voltava pro meio da lagoa. Mas todo mundo tem seu dia de mau humor, e num dia destes pro Tuco, chega no posto, o chefão todo faceiro trazendo em sua companhia um superior da capital. Conversa vai conversa vem,  o chefe querendo demonstrar toda a habilidade do policial pantaneiro chama o convidado para as margens da lagoa e todo senhor de si grita o Tuco, o jacaré demora mais que de costume, mas vem, encontrando o chefe nas margens da lagoa com a mão estendida lhe oferecendo algo. O bicho com a velocidade que veio parte pro ataque atingindo a mão do hábil chefe, que mais do que depressa sai em disparada, gritando pra todo mundo que o jacaré havia machucado sua mão. Nunca mais ouve demonstrações nas margens da lagoa, e o Tuco que de bobo não tem nada, sumiu, procurando um lugar mais seguro para viver.