Depois de passar 5 horas fazendo (sozinho) uma sinalização de trânsito no alto da Serra de Santa Luzia, estava voltando para o posto policial quando na altura do KM 293 da BR 230, município de Santa Luzia, inicio do sertão Paraibano, reparei que alguns carros estavam dando sinal de luz para a viatura, e em seguida seus condutores apontavam para trás, como quem avisa que algo estava acontecendo logo à minha frente. Quando chego à entrada da cidade, uma cena inusitada: Um jumento correndo atrás de outro jumento, atravessando a pista de um lado para o outro (segundo informação de populares, minuto antes os animais quase provocaram uma colisão frontal). Foi então que entendi a dupla gravidade da situação: Observei que não era um casal de jumentos, na verdade eram dois machos e um tentava, de maneira forçada, acasalar com o outro. O jumento perseguido, coitado, tentava se esquivar da montaria do outro, dando coices desesperadamente. Como me encontrava sozinho, tinha que achar um modo de resolver essa presepada, pois além do risco eminente de um acidente de trânsito, estava em curso uma gravíssima “tentativa de estupro” animal (não existe mais o crime de atentado violento ao pudor no Código Penal, ou seja, qualquer ato libidinoso que não se encaixe em importunação ofensiva ao pudor, agora é estupro!). Então avanço com a viatura em direção ao agressor, e usando a proteção frontal da viatura, empurro o jumento tarado barranco abaixo, e o outro aproveita e foge em desabalada carreira, não sem antes olhar para mim com um semblante de gratidão estampado na cara. Se os jumentos soubessem legislar, com certeza essa imoralidade seria tipificada como um crime hediondo! Neste instante sai um caboclo do mato e balançando desapontado a cabeça, diz: “Antigamente existia respeito, hoje a televisão só ensina o que não presta!” Não entendi muito bem a idéia explanada por aquele sertanejo de cabelos brancos e chapéu de couro, e fiquei me perguntando se os jumentos daquela região assistem televisão...
Já não se faz mais televisão, como antigamente.
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