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domingo, 4 de março de 2012

Inserção da Mulher na Polícia Rodoviária Federal

É comum que se faça uma associação imediata entre a polícia e a parte problemática da sociedade: crimes, violência, desordem, ilegalidade. Até por ter sido inspirada nas forças do exército, as polícias são preparadas para situações de confronto, sendo cultuado que seus componentes sejam fortes, viris, corajosos e, preferencialmente, másculos. Dessa forma, o imaginário da sociedade é povoado de policiais fortes, broncos, truculentos, pois acredita-se que o trabalho árduo, sujo e perigoso tenha de ser realizados por homens – o ethos guerreiro.
Dessa forma, a atividade policial, vista como uma atividade excitante e perigosa, acaba sendo cobiçada por muitos homens para a reafirmação de suas identidades. Para muitos, o perigo, a agitação, a camaradagem masculina e a demanda, ainda que ocasional, por força física e coragem, são os traços atrativos da polícia.
A entrada de mulheres na corporação e, sobretudo, o desempenho das atividades historicamente reservadas aos homens implica, indiretamente, admitir que as tais características masculinas sejam menos importantes do que se imaginava.
As mulheres que decidem entrar na polícia sabem que encontrarão um ambiente inóspito. A profissão é dura. E com isso, não se quer dizer que haverá perigos, aventuras, perseguições e prisões de criminosos a cada dia. Há policiais que nunca participaram de uma troca de tiros durante toda a sua vida profissional. Os casos que necessitam de força física, de luta corporal, são exceções. Entretanto, os longos turnos de trabalho, a necessidade de horas a fio em pé ou em ronda dentro de uma viatura, a exposição a ruídos constantes, produtos químicos, poluição, a necessidade de carregar equipamentos pesados, o contato freqüente com desgraças (acidentes, homicídios, agressões) são alguns dos fatores que fazem desta profissão uma atividade difícil e que acarreta desgastes físicos e psicológicos. É comum entre policiais que haja fadiga e perturbação dos ritmos fisiológicos, bem como problemas familiares e de inserção social. As condições de trabalho precárias, e às vezes indignas, também marcam fortemente o dia-a-dia do policial.
Não é usual que um homem adulto encare com naturalidade o fato de depender de uma mulher, sobretudo, quando essa dependência pode dizer respeito à sua integridade física ou mesmo sobrevivência. Somente isso, já acarreta uma dificuldade para a convivência de colegas homens e mulheres nessa profissão. Muitas vezes, as mulheres são vistas com ressalva por muitos de seus colegas homens e têm de provar constantemente a sua capacidade e competência.
Além de problemas de relacionamento, algumas mulheres acabam sofrendo discriminações dentro da polícia. Sem contar que algumas mulheres, para obterem sucesso na interação social com os colegas, acabam masculinizando suas atitudes (modo de agir, jeito de falar...) ou se anulando, para serem aceitas.
Na Polícia Rodoviária Federal, o ingresso da primeira mulher em seus quadros se deu em 1975. Apesar desta instituição ter sido criada pelo clamor público solicitando guardiões nas rodovias e apesar de muitas vezes ser considerada uma polícia cidadã, a PRF ainda carrega em si traços militares e também apresenta a problemática de inserção do gênero feminino em seus quadros, exatamente como descrito de maneira geral acima.
Ainda hoje, as estruturas físicas da Polícia Rodoviária Federal não são condizentes com a intimidade, a saúde e as peculiaridades das mulheres, pois, na maioria dos postos não há banheiros nem alojamentos femininos. Em casos isolados, policiais femininas relataram situações vexatórias e constrangedoras por conta do compartilhamento de banheiros e alojamentos. Os coletes, uniformes e armamentos ainda não são apropriados, levando-se em consideração a anatomia feminina. O tempo de serviço para aposentadoria (mesmo com a dupla jornada da mulher) ainda é o mesmo do homem.
Além dos problemas estruturais, enfrentamos também o preconceito. Muitos colegas acreditam que as mulheres não estão preparadas para a atividade fim. Já ouvimos até absurdos de que mulher não sabe nem dirigir, que só atrapalha, que sempre apresenta problemas psicológicos e que serve só para passar o café no posto. O desrespeito chega a pontos extremos de humilhação, mas o maior problema é o preconceito velado, pois este é o mais difícil de combater.
Há de se ressaltar que este comportamento não é generalizado e percebemos, gradualmente, embora devagar, uma melhora no trato com a policial feminina, evolução que tenta acompanhar as recentes mudanças na sociedade em geral.
Fonte: Pamela Vieira

2 comentários:

  1. Toda a mulher que trabalha na área de segurança já deve ter passado por situações vexatórias, de desconfiança e perseguição. Mas a luta continua, pela igualdade de direitos e deveres. Familiares e amigos dão conselhos para que mudemos de trabalho, pois as dificuldades são muitas, mas ressalto que não é pela exposição natural da profissão e sim pelo relacionamento e respeito em relação ao sexo feminino.

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  2. Tenho vontade de ser polícia rodoviária , porém , sou mulher e tenho medo de acontecer alguma coisa , a ricos para.essa profissão ? Quantos anos de preparação,são preciso para ser polícia rodoviária ?

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