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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O Policial e sua vida de estresse e adrenalina


          Ás vezes me pergunto, até que ponto vale a pena ser policial no Brasil. Não conheço a realidade das polícias de outros países, porém sei que tem muitos países onde a renda per capita e o Produto Interno Bruto é bem menor que o do Brasil, e com certeza as suas forças públicas são de qualidade inferior a do  nosso país. Porém nós poderíamos ter uma segurança pública melhor, ou seja, melhor remunerada, melhor treinada e melhor estruturada. Ao longo de 27 anos, trabalhando como policial me deparei com as mais diversas situações dramáticas, hilárias, emocionantes, enfim, tudo o que se possa imaginar no universo das ocorrências policiais. Fatos estes que dariam para escrever um livro. Nós vivemos mais de 20 anos sob uma "ditadura militar", e eu entrei para a polícia, durante o mandato do General Figueiredo, que durante uma visita ao estado de SC, mais exatamente em Balneário  Camboriú, ao fazer o isolamento da multidão que o cercava próximo à área do Hotel Marambaia onde iria se hospedar, o mesmo bateu com a mão no meu peito e disse "Agüenta firme soldado". Naquela época havia uma frase que era dita, como sendo originária de algum militar de alta patente, que era a seguinte, “Eu prendo, eu mato, eu arrebento", isto é claro ficou impregnado na mente de muitos militares e policiais. No passado, em vários países, assim como no Brasil, as forças públicas utilizaram de métodos violentos para desvendar crimes, e muitas vezes para controlar manifestações, e mesmo para a manutenção de poder. Obviamente, ainda de vê alguns episódios de abusos, porém temos que considerar os aspectos históricos deste tipo de comportamento, pois isto foi sendo transmitido ao longo dos anos. A sociedade brasileira está num processo de transformação social, econômica e política, sendo que a democracia em sua essência ainda não está solidificada, pois creio que a partir do momento em que a vontade popular na sua totalidade for respeitada, poderemos ter uma força policial melhor preparada e mais conectada com a vontade popular e os interesses da comunidade. Existem hoje, tramitando no Congresso Nacional, várias Propostas de Emenda Constitucionais, as chamadas PECs, sobre a unificação e desmilitarização das polícias, assim como outras que contemplam os policiais e bombeiros com um salário mais digno. É necessário que mudemos, pois assim como a sociedade não agüenta mais a violência e o aumento da criminalidade, nós os policiais não suportamos mais o descaso dos governantes e legisladores que parecem insensíveis a condição social e psicológica que nós vivemos. Ganhamos mal, somos discriminados pela maioria da sociedade e por parte da imprensa. Carregamos um estigma de violentos, despreparados, insensíveis, muitas vezes de assassinos, porém a maioria de nós, pelo menos no meu estado, somos bons policiais e honestos na sua maioria. Claro que precisamos melhorar e muito, assim como a maioria dos profissionais nas mais diversas carreiras. Uma vez em um programa de televisão, o apresentador Wagner Montes, disse algo muito relevante, “o político não é um extraterrestre”, eu estendo esta afirmativa a classe da segurança pública, “ os policiais não são extraterrestres", ou seja, todos nós viemos do seio da sociedade. Se quisermos ter melhores, políticos, policiais, médicos, governantes; todos temos que melhorar como pessoas, cidadãos. Obviamente, a discussão sobre segurança pública é muito mais profunda e merece um debate muito mais amplo sobre o tema. Porém gostaria de colocar neste pequeno resumo, que nós policiais, pelo menos os mais sérios, temos um profundo interesse de contribuir com uma sociedade mais justa, mais segura e pacífica, ao mesmo tempo que temos sangue nas veias e nos deparamos todos os dias com as mais diversas situações. Pois ao mesmo tempo que temos que ser educados com os cidadãos honestos, temos que ter firmeza com os criminosos violentos. Desta forma, as vezes temos que ter o discernimento e o chamado tirocínio policial para saber identificar em um veículo ou em uma situação extrema, se aquela pessoa que iremos abordar ou identificar é ou não um criminoso ou potencial criminoso. E muitas vezes as pessoas comuns se acham no direito de questionar nossas atitudes, mesmo aquelas que estão embasadas estritamente nas leis vigentes.    Espero que todos nós, sociedade, policiais, políticos, possamos fazer uma melhor polícia, uma melhor sociedade, para dar a nossos descendentes melhores perspectivas de um futuro esperançoso.

# Publicado com autorização da fonte.


E-mail para contato, vilsonbol@yahoo.com.br.     


5 comentários:

  1. Concordamos contigo em gênero, número e grau.
    Nós temos que respeitar nossa polícia e não teme-los, até porque por trás de suas fardas existem seres humanos como qualquer outro ser. Verdade que sempre existem alguns "joios" no meio do trigo, contudo, graças a Deus a grande maioria é trigo.
    Deus abençoe vocês.
    Jaques, ficamos imensamente gratificados ao ver o carinho que você teve com o nosso trabalho. Sensacional a ideia que vc teve de transformar seu selo em uma marca para suas postagens.
    Estamos sempre aqui amigo, quando precisar é só chamar.
    Um grande abraço dos seus amigos João e Nilse.

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  2. Sem mencionar os baixos salários, e lhe dar com maus profissionais que envergonham a classe, lógico que é uma minoria mas que mancha. Muito interessante e oportuno.

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  3. montei um layout para esse teu blog fico legal fsaoextremo@gmail.com http://testelayoutblog111.blogspot.com

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  4. Eu,de cá, sou só torcida! Que o bem vença e a justiça prevaleça!

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  5. O ano era 1973. Estava com 18 anos e comprara um Ford Custom, canadense. Festa de São João em várias escolas. Eu e alguns amigos íamos de escola e escola para paquerar as meninas. No trajeto de uma escola para outra vimos uma enorme caixa de papelão (lixo) depositada na calçada. Parei o veículo e joguei um rojão dentro da caixa, para ver o “estrago”.
    Como nada de mais aconteceu, embarquei e me preparava para sair quando um fusca amarelo fechou a minha frente.
    Saíram duas pessoas, de revólver em punho, e ordenaram que descêssemos; eram do DOPS.
    Revisada a documentação de todo o pessoal (estávamos em seis) e do veículo; tudo em dia.
    Recolheram os rojões que tínhamos (afinal, para que mesmo soltam-se rojões e foguetes?).
    Os agentes pretendiam nos levar até a delegacia para nos “ficharem”.
    Um de meus amigos, o “maior”, com mais de 1,85 m de altura, começou a chorar assustado.
    Depois de um tempo, ao prometermos que não mais praticaríamos atos de desordem pública, nos liberaram.
    Assim agia a “polícia truculenta” do regime militar.
    No ano seguinte prestei o serviço militar, na artilharia.
    Nunca mais tive qualquer problema com os agentes da Lei. Talvez seja pelo simples fato de que eu sigo à risca os meus deveres de cidadania.
    Revolta-me, no entanto, ver meliantes que, por “sofrerem” uma ação mais forte de um policial, esvaem-se em gritos e lamúrias, mesmo que pouco antes tenham estuprado, ou assaltado, ou assassinado.
    Revolta-me ver que os famigerados defensores dos direitos humanos agem com rigor contra os policiais que estão exercendo o seu trabalho, ignorando, todavia, a situação, às vezes trágica, das vítimas dos bandidos.
    Revolta-me ver que os agentes da lei, assim como tantos outros servidores públicos que colocam em risco as suas vidas para proteger a comunidade, sejam desrespeitados e percebam um salário vil.
    Como cidadão brasileiro, quero externar meus sentimentos de solidariedade e apreço à categoria policial, acrescentando que interpreto da seguinte forma os eventuais deslizes de algum colega: parece-me que são pessoas infiltradas para promover atos irregulares, fartamente difundidos pela mídia conivente, para provocar a desmoralização da classe.
    Grato por exercerem a sua profissão para nos proteger.

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